segunda-feira, 27 de julho de 2020

LIÇÃO 8 - A UNIDADE DA IGREJA



A UNIDADE DA IGREJA NA BÍBLIA


Bem Vindo a Lição:


8 - A UNIDADE DA IGREJA



VÍDEO 1


VÍDEO 2


        Depois de estudar a organização da igreja na Lição 7, vamos dedicar-nos agora ao estudo da unidade da igreja do primeiro século. A unidade religiosa é hoje assunto comum tanto entre católicos como protestantes. Este desejo de unidade é nobre, sendo na verdade essencial. 
     Em sua sabedoria divina, Deus planejou uma igreja unida em “um corpo... um Espírito... uma esperança... um Senhor, uma fé, um batismo” (Efésios 4:3-5; 1:22-23). 
     Jesus desejava essa unidade tão intensamente que implorou a Deus por isso (João 17:20-21). 


      Sua oração mostra o profundo desagrado que a divisão religiosa Lhe causa.
UMA SÓ IGREJA
Há somente um corpo”
Efésios 4:4

      Na verdade, a divisão em si e por si mesma constitui pecado (1 Coríntios 3:3-4). O coração do Senhor se entristece ao ver a cristandade dividida. Entretanto, a simples união não basta. Jesus não pediu uma unidade baseada em opiniões humanas, mas na vontade de Deus como revelada na palavra da verdade (João 8:31-32; 17:17-20 e Efésios 4:3). 
     Depois de alertar os presbíteros quanto ao perigo da divisão, Paulo disse então: “Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à palavra da sua graça, que tem poder para vos edificar” (Atos 20:32). Visto que a palavra de Deus é a base da unidade, pelo estudo da Bíblia, podemos observar que, através dela, a igreja de Cristo no primeiro século era unida. Assim sendo, esforçando-nos para obter aquela unidade mantida pela igreja do primeiro século, podemos hoje agradar a Deus do mesmo modo que os cristãos daquela época O agradavam.
     Se nos dias do Novo Testamento alguém saísse de Jerusalém e visitasse todas as igrejas que ficavam no trajeto entre Jerusalém e Roma, observaria as mesmas características em todas elas, porque as várias igrejas não eram denominações diferentes mas sim, congregações locais da mesma igreja universal de Cristo. 

     O Novo Testamento nos revela que a igreja original era unida em pontos como: doutrina, amor, nomes, exigências para ingresso, organização e adoração.

I. DOUTRINA

         A mensagem de Cristo às primeiras igrejas era sempre a mesma. Quer falasse a judeus ou gentios, Paulo pregava sempre um único evangelho para todos (Romanos 1:16). Ele disse à igreja de Corinto: “Timóteo... vos lembrará os meus caminhos em Cristo Jesus, como por toda parte ensino em cada igreja” (1 Coríntios 4:17), e ordenou também a todas as igrejas determinadas regras para o casamento (1 Coríntios 7:17). 

      Paulo mandou que as igrejas de Colossos e da Laodicéia trocassem entre si cartas que escrevera a cada uma delas (Colossenses 4:16). Se tivesse contado uma história diferente a cada igreja, não desejaria que a carta dirigida a uma caísse nas mãos de outra.
     O fato da doutrina da igreja ser uma só, fica também evidenciado pela declaração de Pedro em 2 Pedro 3:15-16, afirmando que ele e Paulo tinham ensinado a mesma mensagem. Paulo declarou em Gálatas 1:6-9 que qualquer homem, apóstolo, ou anjo que alterasse a mensagem original de Deus às igrejas seria amaldiçoado. A fé em uma doutrina comum a todas as igrejas, ou seja, a fé na palavra de Deus, era a base essencial para a unidade.

II. AMOR

      A doutrina, separada do amor, se torna desprezível; mas uma doutrina forte, alicerçada no amor, é divina. Por exemplo, as igrejas do primeiro século, imitando Cristo, praticavam a doutrina quando socorriam os irmãos necessitados. A igreja em Jerusalém estava passando fome. Tão grande era o amor que ligava os primeiros cristãos que igrejas a mil quilômetros de distância atenderam ao pedido de auxílio feito por Jerusalém. 


      A igreja em Antioquia enviou uma oferta (Atos 11:29). Igrejas distantes, situadas na Macedônia, se reuniram para ajudar Jerusalém e fizeram isso apesar de serem elas mesmas muito pobres (2 Coríntios 8). As igrejas da Acaia enviaram uma contribuição (Romanos 15:25-27), como também fizeram as igrejas da Galácia ao que tudo indica (1 Coríntios 16:1-2).
        O amor era realmente uma força unificadora na primeira igreja. Uma igreja com grandes propriedades e dinheiro em caixa, onde existiam membros doentes, analfabetos e sem recursos, não pode ser a igreja edificada por Jesus. João diz em 1 João 3:17 “aquele que possuir recursos deste mundo e vir a seu irmão padecer necessidade e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?”.

III. NOMES

       Os nomes humanos têm sido sempre uma fonte de divisão. Até na igreja de Corinto os membros se dividiram sob os nomes de Pedro, Paulo e Apolo. O apóstolo Paulo repreendeu-os severamente com as palavras: “Acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós, ou fostes porventura batizados em nome de Paulo?” (1 Coríntios 1:13). Paulo então se opunha a tal divisão.
        Os nomes pelos quais era conhecida a igreja do primeiro século não foram dados por homens. Visto haver apenas UMA IGREJA naqueles tempos (Efésios 4:4), eles se referiam com frequência ao corpo do Senhor usando simplesmente a palavra igreja. Ela era a igreja em Jerusalém (Atos 11:22), na Ásia Menor (Atos 14:23), em Roma (Romanos 16:5).
    A igreja foi também chamada de igreja de Cristo (Romanos 16:16) e igreja de Deus. O nome “igreja de Deus” foi empregado em diversas localidades e não numa só: em Corínto (1 Coríntios 1:2), em Tessalônica (1 Tessalonicenses 2:14), na região da Galácia (Gálatas 1:13), e em Éfeso (1 Timóteo 3:5). A igreja do primeiro século era somente conhecida por nomes que glorificavam a Deus e a Cristo.
      Cada membro da igreja era chamado de cristão na Ásia Menor (Atos 11:26) e entre os judeus da Dispersão nas várias partes do mundo (1 Pedro 4:16). Deram-lhes o nome de discípulos em toda a Ásia Menor (Atos 11:26) e também de filhos de Deus (1 João 3:1 e Gálatas 3:26). Tratava-se de termos religiosos que glorificavam a Deus.
      Os líderes religiosos daquele tempo não recebiam tantas atenções nem títulos pomposos como hoje. Jesus condenou claramente tais praticas em Mateus 23:9-10 “A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é vosso Pai, aquele que está no céu. Não sereis chamados guias, porque um só é vosso Guia, o Cristo”. O apóstolo Pedro recusou deixar que Cornélio se curvasse diante dele para honrá-lo e chegou a dizer: “Ergue-te, que eu também sou homem” (Atos 10:26). 
    Podemos estar certos de que nomes como pai, reverendo, santo padre, pastor presidente, não eram usados por cristãos do primeiros século.

IV. CONDIÇÕES PARA INGRESSAR NA IGREJA

       Na Grande Comissão, Jesus apresentou as exigências para ingresso em sua igreja, como sendo: fé (Mateus 28:19-20), arrependimento (Lucas 24:47), e batismo (Marcos 16:15-16).
     As condições para entrar nas diversas congregações dessa igreja em todo o mundo eram então as mesmas. Um estudo da igreja em Jerusalém, Éfeso, Filipos, Galácia e Roma confirmará esta verdade. Sem telefones, telégrafos ou cartas aéreas ou e-mail, estas congregações mesmo muito distantes umas das outras obedeciam ao mesmo regulamento para a entrada de novos membros na igreja. 
      O quadro abaixo mostra, em forma de esquema, o que os indivíduos das diversas congregações faziam para se salvarem e se tornarem membros da igreja de Cristo.

AS CONDIÇÕES PARA SER MEMBRO DA IGREJA
Congregação
Arrependimento
Confissão
Batismo
Jerusalém
Atos 2:37
Atos 2:38
Deduzido
Atos 2:41
Éfeso
Efésios 2:8
Atos 19:1,4
Deduzido
Atos 19:5
Filipos
Atos 16:31
Atos 16:33
Deduzido
Atos 16:33
Roma
Romanos 10:9
Deduzido
Romanos 10:9
Romanos 6:3-6

        As pessoas que desejarem nos dias de hoje ser apenas ou unicamente cristãs, poderão tornar-se membros da igreja de Cristo da mesma forma que aquelas que viveram no primeiro século. As condições para ingresso na igreja de Cristo sempre foram e sempre serão as mesmas.

V. ORGANIZAÇÃO DA IGREJA

       Desde que a última lição mostrou a organização da Igreja do Novo Testamento, esta lição terá por objetivo explicar que essa organização serviu para unificar a igreja em todo o mundo. Havia presbíteros (bispos, pastores, supervisores) em Jerusalém (Atos 15:2), em Éfeso (Atos 20:17), em Creta (Tito 1:5), em Filipos (Filipenses 1:1), entre os judeus que foram espalhados pelas nações (Tiago 5:14), e nas igrejas da Ásia Menor (Atos 14:1; 9:23).
       Um dos aspectos da função de presbítero em todas as igrejas era que houvessem vários deles liderando e servindo em cada congregação. Isto acontecia nas igrejas da Ásia Menor (Atos 14:23), em Creta (Tito 1:5), em Jerusalém (Atos 15:2), em Éfeso (Atos 20:17) e em Filipos (Filipenses 1:1).


       O fato das qualificações exigidas dos presbíteros serem as mesmas nos diversos lugares, fica provado pela comparação das qualificações especificadas por Paulo quando escreveu a Timóteo em Éfeso (1 Timóteo 3:1-7) e a Tito em Creta (Tito 1:5-9).
     Os diáconos também faziam parte da organização da igreja do primeiro século, havendo então diáconos em Éfeso (1 Timóteo 3:8-10, 12-13), e em Filipos (Filipenses 1:1). Embora os sete discípulos mencionados em Atos 6 não sejam especificamente chamados de diáconos, muitos estudiosos da Bíblia acreditam que esta passagem se refira aos primeiros diáconos da igreja em Jerusalém.
      A organização que estudamos não ultrapassava os limites da congregação local, não sendo também hierárquica nem autoritária. O próprio Pedro, que também era presbítero, declarou: “Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós... pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós... não como dominadores dos que vos foram confiados, antes tornando-vos modelos do rebanho” (1 Pedro 5:1-3).

VI. CULTO

       O culto desempenhava um papel importante na vida dos primeiros cristãos. Se alguém, viajando de Jerusalém para Roma, tivesse parado para visitar cada congregação situada no trajeto de mais de 1.500 quilômetros, teria encontrado um sistema de culto comum a todas elas.

  1. DIA DA REUNIÃO


     As igrejas do Novo Testamento observavam todas as semanas o mesmo dia de reunião e, ao que parece, este recebeu o nome de “o dia do Senhor” (Apocalipse 1:10). O autor de Hebreus ordenou a seus leitores, judeus crentes em várias partes do mundo, que observassem este dia de assembleia ou de congregação (Hebreus 10:25). Deixar de reunir-se com os santos era considerado pecado. Outras passagens explicam Hebreus 10:25 e mostram qual era o dia da assembleia. Dessa forma, a caminho de Roma, qualquer viajante teria verificado que as igrejas em toda a região da Galácia e em Corinto, se reuniam sempre no primeiro dia da semana (1 Coríntios 16:1-2). A igreja de Trôade, embora a muitas léguas de distância, também fazia sua reunião no mesmo dia (Atos 20:7).

                                2. A CEIA DO SENHOR


     Um dos principais objetivos da reunião realizada no primeiro dia da semana era “partir o pão” ou tomar parte na Ceia do Senhor (Atos 20:7 e 1 Coríntios 11:17-34). A ceia consistia de pão e suco da videira, conforme instituída por Cristo (Mateus 26:26-29). 
       Na igreja do primeiro século todos os cristãos se serviam de ambos os elementos de maneira reverente (1 Coríntios 11:17-30). Ao tomarem a Ceia do Senhor os discípulos do primeiro século não criam estar crucificando Cristo de novo, pois acreditavam que Ele tinha sido oferecido “uma vez por todas”, em contraste com os sacrifícios diários dos judeus, “porque com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hebreus 10:10-12,14).
       Desse modo, a Ceia do Senhor não representava a morte real de Cristo cada semana, sendo apenas uma lembrança da morte única de Cristo (1 Coríntios 11:24-26). A igreja do primeiro século não pensava que o pão e o suco da videira se transformavam realmente na carne e sangue de Jesus, mas que estes elementos representavam ou simbolizavam a carne e o sangue de Jesus. Paulo instruiu os cristãos a comerem o pão (não a carne) e a beberem o suco da videira (não o sangue), assim como a “discernirem” ou meditarem e concentrarem seus pensamentos no corpo e sangue de Cristo enquanto bebiam e comiam (1 Coríntios 11:26-29 e Mateus 26:29).
       A igreja deve anunciar a morte de Jesus até que Ele volte, observando a Ceia do Senhor (1 Coríntios 11:26).

3. MÚSICA NA IGREJA


       A igreja de Cristo em todo o mundo empregava música vocal em seus cultos. A música instrumental não é mencionada uma vez sequer no Novo Testamento como fazendo parte do culto e, portanto, não é autorizada por Cristo. Tiago exortou seus leitores de várias nações a cantarem (Tiago 5:13). 
      Paulo aconselhou os efésios a cantarem (Efésios 5:19), assim como a igreja de Colossos (Colossenses 3:16). Ele afirma claramente em 1 Coríntios 14:15 que a música da igreja, o canto, deve ser praticado com o espírito e procurando compreender o texto.

                                      4. ORAÇÃO


       As orações fervorosas foram uma característica da igreja do primeiro século. Jesus tinha prometido: “tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome ele vô-lo concederá” (João 15:16). Paulo, chamando atenção para o fato de que “há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus”, aconselhou os homens “em todo lugar” a orarem (1 Timóteo 2:5,8). Como resultado, em Jerusalém (Atos 12:5), em Roma (Romanos 8:26), na Macedônia (1 Tessalonicenses 5:17) e “em todo lugar”, os cristãos fizeram orações a Deus em nome de Cristo.

                                  5. CONTRIBUIÇÃO


       Os cristãos do primeiro século eram generosos em suas contribuições em dinheiro. A igreja de Jerusalém era tão generosa que seus membros foram muito além do dízimo que a religião judaica exigia e deram tudo o que tinham à igreja para ajudar numa ocasião especial (Atos 4:32-35). Como já mencionado, as igrejas na Macedônia fizeram donativos apesar da pobreza em que viviam, a fim de socorrer os santos de Jerusalém que passavam necessidade (2 Coríntios 8:1-5). Paulo recomendou às igrejas da Galácia e à igreja de Corinto que fizessem contribuições em cada primeiro dia da semana, conforme a prosperidade dada por Deus a cada um (1 Coríntios 16:1-2).

                             6. A PREGAÇÃO PÚBLICA

        A pregação e o ensino faziam parte da prática universal na adoração da igreja do primeiro século, conforme se verifica pelas atividades de Paulo na Ásia Menor (Atos 14:21-22), em Roma (Romanos 1:15, 12:8) e em Trôade (Atos 20:7). O objetivo da pregação era dar instrução espiritual ao povo para que pudesse ser salvo (2 Timóteo 4:1-4).
        As pregações e o ensino público deviam ser feitos pelos homens e não por mulheres. Paulo disse: “Como em todas as igrejas dos santos, conservem-se as mulheres caladas nas igrejas...” (1 Coríntios 14:33-34), acrescentando em 1 Timóteo 2:11-12; “A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem que exerça autoridade sobre o marido; esteja, porém, em silêncio”. 
       As mulheres desempenharam um papel importante no desenvolvimento da igreja naqueles dias, mas não tomavam parte ativa nas pregações públicas, e era assim em todas as igrejas.

CONCLUSÃO

       Vimos nesta lição que Jesus queria que seus seguidores se unissem numa única igreja. As várias congregações espalhadas por todo o Império Romano criam em uma só doutrina, praticavam o amor recíproco, tinham as mesmas exigências para o ingresso na igreja, seus membros recebiam nomes aprovados por Deus, estabeleceram um sistema de organização comum a todas e o seu culto ao Senhor era simples e tinha as mesmas características em cada uma delas. 
       Qualquer pessoa que visitasse Jerusalém, Roma, Creta, Trôade, Antioquia ou Macedônia, teria verificado que todas as congregações possuíam características idênticas.
      Se os que se chamaram de discípulos de Cristo tivessem conservado a unidade baseada na palavra de Deus, as denominações não teriam surgido.
    A próxima lição irá mostrar como falsos mestres provocaram a divisão na igreja de Cristo e levaram muitos fiéis a erros doutrinários, dando assim origem à divisão religiosa, que parece aumentar dia a dia.

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